domingo, 8 de fevereiro de 2015

A Rua dos Cataventos



A Rua dos Cataventos
II


Dorme, ruazinha... É tudo escuro...
E os meus passos, quem é que pode ouvi-los? 
Dorme o teu sono sossegado e puro,
Com teus lampiões, com teus jardins tranquilos...

Dorme... Não há ladrões, eu te asseguro...
Nem guardas para acaso persegui-los...
Na noite alta, como sobre um muro,
As estrelinhas cantam como grilos...

O vento está dormindo na calçada,
O vento enovelou-se como um cão...
Dorme, ruazinha... Não há nada...

Só os meus passos... Mas tão leves são
Que até parecem, pela madrugada,
Os da minha futura assombração...

                                            Mario Quintana



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